''Por onde anda você, tão distanciada, tão silenciosa?
Em que nova galáxia posso te encontrar outra vez,
morena como uma princesa raptada por beduínos no deserto?
Vezenquando baixa uma saudade, quase sempre clara como tem sido o ar verde-azulado deste verão,
e fico sentindo falta do teu jeito lento de chegar pisando em nuvens, sempre azul.
As coisas andaram meio escuras para mim, durante muito tempo,
depois, o fim do inverno levou as amarguras e tudo se renovou;
estou pronto, outra vez, para te encontrar na areia do Leme
ou nas salas estragadas do conservatório, expressões corporais, alquimias.
Hoje vesti verde, em homenagem ao eclipse em Capricórnio,
e de repente, não mais que, a redação quase vazia,
uma tarde quase quebrando de tão clara, você chegou na minha saudade.
Escrevo. Há muito para dizer,
mas é uma pena que não se possa mandar uma carta cheia de silêncio,
que é música.''
**Caio Fernando de Abreu**
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