"Tenho uma tendência romântica a imaginar coisas."
**Rubem Braga**



terça-feira, 29 de junho de 2010

- DOUTOR, ESTOU SENTINDO UMA RIMA TERRÍVEL.
- Onde é que dói?
- Às vezes, é bem aqui no peito. Às vezes, é uma pontada, aqui na cabeça.
- O que é que o senhor faz, quando dói muito?
- Quando eu não agüento mais, eu faço um poema.
- Um o quê?
- Um poema. É um espécie de mancha que dá bem no meio da página. Tem umas apavorantes. Mas também tem manchas lindas.
- E desde quando lhe acontecem esses poemas?
- Desde sempre. Desde quando, antes do ventre da minha mãe, eu fui pensado em alguma galáxia distante, por um planeta boiando na luz de um sol azul-amarelo-vermelho-verde-prata...
- Deixe-me ver sua língua.
- O senhor não leve a mal, mas é uma língua apenas portuguesa. Pouca gente no mundo já viu uma língua como essa.
- É, está feia sua língua. Mas não se incomode, que língua portuguesa ninguém presta atenção.- Não é só a língua, doutor. Às vezes, tenho visões.
- Visões?
- É, vejo círculos, quadrados, triângulos inscritos em hexágonos, e linhas, linhas, linhas...
- O senhor conhece matemática?
- Só de nome.
- É, é mais grave do que eu pensava.
- Vou morrer?
- Um dia vai. Mas antes vais ser pior. O senhor pode ficar famoso.
- Pra sempre?
- Não, quando é para sempre a gente chama glória. A fama passa.
- Ainda bem.
- Mas incomoda muito. Não tem horas em que o senhor sente que tem um estádio inteiro lhe aplaudindo de pé?
- Onde, doutor?
- Dentro da sua cabeça, é claro. Onde mais?
- Que alívio o senhor me contar isso. Pensei que estava ficando louco.
- Quem sabe? Quem sabe o que é loucura?
- Vá saber.
- Deixa eu completar os exames. Tem sentido muitos sintomas de concretismo gástrico ultimamente?
- Só quando eu vejo uma folha de letraset.
- Perfeito. Tem sentindo algum soneto?
- Só de manhã, quando eu vou dormir de estômago vazio.
- Impulsos marginais?
- Depois que fui editado pela Brasiliense, meus sintomas marginais desapareceram. Deviam ser conseqüência do abuso da solidão e do provincialismo paroquial.
- Nada de pornô, espero.
- Um filho-da-puta aqui. Um caralho ali. Porra. Cabaço. Gozar. Só essas coisinhas corriqueiras, que vovó não deixava dizer, mas estão no Aurélio.
- Entendo. Não admira que o senhor tenha tido tantos poemas recentemente. Mas vou receitar uma dieta que vai lhe deixar tão bom quanto qualquer subgerente de vendas.
- Antes disso, será que o senhor não me deixava cantar alguma coisa?
- Cantar? Mas eu não tenho nada aqui para o senhor cantar.
- Pode deixar que eu trouxe umas canções comigo.
- Cuidado. Cantar demais faz mal.
- Não se preocupe, doutor. Eu só vou cantar um pouquinho.
- Está bem. Pode começar.
- Desafinar um pouquinho, não ligue. É assim mesmo:

"Se houver céu depois da terra
e nessa estrela
a eterna primavera
pudera, tomara, que a vida quisera
que a gente se encontrara.
Proutra vida fica,
nosso amor mais louco,
fica tudo muito mais bonito,
fica a dita que faltou pro pouco,
se houver céu...
Se houver céu,
como nessa vida não há,
a gente se achou bichinha
a gente se encontrará,
a gente se encontrará..."

- Letra e música suas?
- Letra e música.
- I see. Deixa-me ver. O senhor tem algum vício?
- Eu amo uma mulher chamada Alice.
- Há muito tempo?
- A vida toda.
- O senhor é o caso mais grave de poesia que eu já vi até agora. Preciso consultar uns colegas.
- O que é que eu faço, doutor?
- Tome duas estrofes e me telefone amanhã cedo, sem falta.
**Paulo Leminski - Gozo Fabuloso**
"Não é raro, tropeço e caio.
Às vezes, tombo feio de ralar o coração todinho.
Claro que dói, mas tem uma coisa:
A minha fé continua em pé."
**Ana Jácomo**
"...tenho trabalhado tanto,
por isso mesmo talvez ando pensando assim em você.
brotam espaços azuis quando penso.
no meu pensamento, você nunca me critica
por eu ser um pouco tola, meio melodramática.
(...) e deito a cabeça no seu colo ou você deita a cabeça no meu,
 tanto faz,
e ficamos tanto tempo assim que a terra treme
 e vulcões explodem
e pestes se alastram
e nós nem percebemos,
no umbigo do universo.
você toca minha mão, eu toco na sua."
**Caio Fernando de Abreu**
"(...) a pele é tudo quanto queremos que os outros vejam de nós,
por baixo dela nem nós próprios conseguimos saber quem somos."
**José Saramago**
" O teu amor é uma mentira,
que a minha vaidade quer.
E o meu, poesia de cego,
você não pode ver. "
**Cazuza**

sábado, 12 de junho de 2010

"É você quem sorri,
morde o lábio,
 fala grosso,
conta histórias,
me tira do sério,
faz ares de palhaço,
 pinta segredos,
ilumina o corredor por onde passo todos os dias."
**Caio Fernando de Abreu**

domingo, 6 de junho de 2010

"...sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor
pois se eu me comovia vendo você,
pois eu acordava no meio da noite só para ver você dormindo.
Meu Deus, como você me dói vez em quando!
 Eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno
bem no meio de uma praça...
então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você
e a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa,
 que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada...
só olhando,olhando e pensando...
 meu Deus, ah meu Deus, como você me dói vez em quando!"
**Caio Fernando Abreu**

quarta-feira, 2 de junho de 2010

"Eu me aproximo pelos olhos,
mas o que me convence a permanecer é o som da voz.
Quero um amor capaz de conduzir o escuro."
**Fabricio Carpinejar**
Me deixe, sim
Mas só se for
Prá ir alí
E prá voltar
Me deixe, sim
Meu grão de amor
Mas nunca deixe
De me amar...
Agora
As noites são tão longas
No escuro eu penso
Em te encontrar
Me deixe só
Até a hora de voltar...
**Grão de Amor - Marisa Monte**

"Ela não se encaixava na vida dele...
ele, cabia perfeitamente em todos os cantos do coração dela
Mas quando se encontravam,
ela ficava sem fôlego...ele perdia a cabeça
E num amontoado de contratempos e desencontros,
eles se completavam nos sonhos
tão intensamente
que era perfeita a união...lá ninguem os separava.
Lá, eram apenas um do outro."
**Ana Paula Abreu**

terça-feira, 1 de junho de 2010

"Podia ser só amizade,
paixão,
carinho,
admiração,
respeito,
ternura..
Com tantos sentimentos,
tinha que ser justo amor,meu Deus??"
**Caio FErnando de Abreu**
"Ela não precisava ser salva...
mas, se ele tentasse, ela ia gostar."
**Briza Mulatinho**
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