"Tenho uma tendência romântica a imaginar coisas."
**Rubem Braga**



quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

“Eu entro nesse barco, é só me pedir.
 Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou.
 Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também.
 Porque sozinha, não vou.
Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma.
 Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também.
Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes.
Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia.
Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade.
Eu desisto fácil, você sabe.
E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir.
Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena.
Que por você vale a pena.
Que por nós vale a pena.
Remar.
Re-amar.
Amar.”
**Caio Fernando de Abreu**
“Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir.
Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar.
Acordo pela manhã com ótimo humor mas… permita que eu escove os dentes primeiro.
Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza.
Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais.
Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo.
Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. (Então fique comigo quando eu chorar, combinado?).
Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem… gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar às vezes, mesmo na sua idade.
Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos.
Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste.
Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai.
Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.
Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca…
Goste de música e de sexo. Goste de um esporte não muito banal.
Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua familia… isso a gente vê depois… se calhar…
Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora.
Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos… me faça massagem nas costas.
Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções.
Me rapte!
Se nada disso funcionar…experimente me amar!”
**Martha Medeiros**

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Afinal, eu bem que tentei consertar
 meu relacionamento com algumas pessoas
e só ganhei mais e mais poses e menos e menos verdades.
Ainda que doa deixar algumas pessoas morrerem,
se agarrar a elas é viver mal assombrado.”
**Tati Bernardi**
“Sabe,
eu acho que não sei fechar ciclos, colocar pontos finais.
Comigo são sempre vírgulas, aspas, reticências.
Eu vou gostando, eu vou cuidando,
eu vou desculpando, eu vou superando,
eu vou compreendendo, eu vou relevando, eu vou…
 e continuo indo, assim, desse jeito,
sem virar páginas, sem colocar pontos.
E vou dando muito de mim,
e aceitando o pouquinho que os outros tem para me dar.”
**Caio Fernando de Abreu**

sábado, 19 de fevereiro de 2011


''Dia desses, eu estava sentada no sofá de casa,
 lendo, quieta, desprevenida, quando percebi que ela foi chegando,
se aproximando devagarzinho, até que se acomodou, me abraçou e ficou.
Não sei se você tem isso, talvez todos nós tenhamos,
uns mais, uns menos
– essa companhia inesperada de uma tristeza
que vem sem avisar,
 sem querer saber dos planos para aquele dia."
**Liliane Prata**

"Hoje eu acordei sem nada no estômago,
sem nada no coração, sem ter para onde correr,
sem colo, sem peito, sem ter onde encostar,
sem ter a quem culpar..."
**Tati Bernardi**

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

"Eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno
 bem no meio de uma praça
 então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você
e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa
que eu vou ficar calada um tempo enorme
só olhando você sem dizer nada...
 só olhando olhando e pensando
meu Deus ah meu Deus
 como você me dói vez em quando".
**Caio Fernando Abreu**

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

''Poderíamos, com mais frequência,
tentar deixar a vida em paz para desembrulhar suas flores no tempo dela,
no tempo delas, e, em alguns momentos,
nem desembrulhar.
Apesar da nossa cuidadosa aposta nas sementes,
algumas simplesmente não vingam e isso não significa que a vida,
por algum motivo, está se vingando de nós.
Há muito mais jardim para ser desembrulhado.
( . . . )
É fácil lidar com isso? Não é não.
Nem um pouco.
Esse é um dos capítulos mais difíceis do livro-texto e do caderno de exercícios:
o aprendizado do respeito ao sábio tempo das coisas.''
**Ana Jácomo**

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Mas era preciso se desapegar
de todas as coisas antigas
para tentar SER nova(mente)
para de novo florir...
mas ela não estava conseguindo...
**Ana Paula Abreu**
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